domingo, 17 de abril de 2011

Os oráculos e o trânsito caótico da nova metrópole

POIS É!
Não sendo, nem pretendendo ser um novo Zeus, Apolo ou outro oráculo menos conhecido (visto ser apenas um mero mortal), quero externar minha dor à comunidade goianiense, pelas ocorrências atuais, antevistas por mim, bem como por muitos outros (estou certo), que, como eu, em passado não muito remoto, se aperceberam do futuro a bater em nossas portas.
Saída de um caos instalado pelo crescimento exacerbado de São Paulo, minha família veio ter a Goiânia no início da década de 70.
Tudo aqui cheirava tinta fresca.
O que hoje é o problemático setor Bueno, com as suas vias de letra “T”, outrora era, podemos dizer, um vazio demográfico.
Os prédios do setor Central ofereciam raras vagas de garagens aos seus condôminos.
Mas, nossa capital cresceu com a velocidade que não supunham os que se sentavam às portas de suas casas ao entardecer.
Vieram os anos 80 e, com eles, um especial fermento foi lançado à esta urbe.
Quer pelas chances nos ganhos vitais que muitos viram; quer pela insatisfação e cansaço que a metrópole paulista causava a alguns; quer, ainda, pelo alto custo da vida na capital federal, o afluxo a esta  capital, foi enorme.
Todos sabemos que o progresso trás consigo um preço a ser pago e, Goiânia não fugiu à regra.
Divaguei um pouco e agora tomo a liberdade de voltar ao início deste texto, para dar continuidade à minha própria desmistificação:
Um dia, alguém disse que um oráculo é um historiador que está olhando para o lado oposto.
Concordo, em boa parte, com a assertiva, pois que foi o que ocorreu comigo, quando tive a percepção do que viria, apenas observando os desacertos e as confusões geradas pelo crescimento de minha terra natal e, em sendo partícipe do desenvolvimento generalizado e desenfreado que Goiás apresentava.
Nos anos 80, como estudante de geografia, disse certa vez à minha companheira, que iria escrever um livro intitulado: Goiânia, a nova São Paulo.
O livro não veio, por falta de tempo e verba. Somente vieram os cabelos brancos que mal e mal me enfeitam o rosto cansado.
Hoje é domingo, 17 de abril de 2011, um dia, como outros, de um aposentado, amante de geografia, demografia e estatística.
Ponho-me a ler o jornal e, já em sua capa, surgem motivações, tanto para as recordações visionárias (?) de um mero acadêmico (um “SUDESTINO” fugido dos entraves da cidade grande), quanto das recordações, muitas e necessárias, nas esquivas “QUIABESCAS” do trânsito da semana (todas as semanas), nas ruas e avenidas desta cidade sobre rodas.
A manchete: “O TRÂNSITO EM GOIÂNIA”
Leio atento e percebo uma sutil intenção de se justificar o que é praticamente injustificável: o pouco olhar para frente, de outrora, e, o muito olhar para o retrovisor, no presente.
Dúvidas sobre a atuação de um ou outro órgão; procuram-se culpados; formação de comissões de estudos futuros, etc, etc, etc... Leio à página 4 do jornal O Popular, que a Diretora de Planejamento, Gestão e Coordenação da SEPLAM, Sra, Eliany Auxiliadora Coutinho Moraes, afirma que nenhum documento, de licença de uso do solo e alvarás de construção e instalação, é liberado, sem consulta prévia ao órgão de trânsito, no caso, a Agência Municipal de Trânsito. E diz mais; explica que as diretrizes fornecidas pelo Plano Diretor de Goiânia são observadas antes de qualquer liberação e, que, nas questões específicas, há a consulta ao órgão de trânsito, pois que o Plano Diretor prevê diretrizes. É a AMT, segundo a Diretora, que vai exigir medidas mitigadoras como contrapartida.
À página 5, encontramos duas colocações também bastante interessantes:
A do engenheiro civil, doutor em planejamento de transportes e professor da UFG, Cristiano Farias, conhecedor do Plano Diretor da cidade, bem como das leis complementares e, que afirma haver uma falha do texto legal, que é a não exigência de estudos de impacto de trânsito para empreendimentos residenciais.
Por sua vez, o vereador Elias Vaz, Relator do Plano Diretor de Goiânia, reconhece que não há exigência de estudos de impactos de trânsito para empreendimentos residenciais e, que somente hoje é que se encontra em tramitação um projeto do vereador Geovane Antônio, sobre o assunto.
Ora, entre idas e vindas; entre o sim e o não, sabemos que todos os nossos dirigentes são honestos e que, nem a direção hodierna da SEPLAM, nem os que compõem hoje o nosso Legislativo Municipal e, muito menos a atual direção da Agência Municipal de Trânsito são culpados pelo caos que se assentou sobre o trânsito da nossa capital (à esta última, então, a AMT, só resta correr atrás de soluções para problemas passados e que não criou, sendo sempre o “boi de piranha”, na sociedade dos congestionamentos).
Não seria isto (o caos no trânsito),um problema que deveria ter sido antevisto por Zeus, Apolos, Oráculos e Pitonisas do passado, para que não chegássemos ao ponto que nós chegamos (se eu, um pobre mortal o antevi)?
Mas, basta de empurra-empurras e caças às bruxas.
O Problema está ai há anos e necessita de soluções imediatas e não mais de paliativos ou buscas por culpados. Nós precisamos é da cura para esta doença que muito prejudica a todos e de nada vai adiantar discutir quem trouxe a bactéria; isto nós já descobrimos. 
Os culpados somos todos nós que chegamos do futuro, pronto!
Penso que o Plano Diretor de uma cidade, deveria servir como “estudos e metas de trabalhos” a serem desenvolvidos e cumpridos, levando-se em consideração uma sempre possível PROATIVIDADE e alguma eventual REATIVIDADE (e nunca o seu contrário);
que os problemas da maioria devem se sobrepor aos interesses de uma minoria;
que esta doença que enfrentamos hoje não venha a nos jogar no IML, visto já estarmos na UTI;
que antes possamos encontrar soluções cabíveis e que elas nos sirvam de aprendizado para que fiquemos firmes no presente, porém, de olhos bem abertos defronte às  nossas  bolas de cristal;
que entendamos que o futuro é irreversível, acelera a cada dia, enquanto estamos em ponto morto, e, finalizando,
que não precisamos ser oráculos para que saibamos o que virá para esta nova São Paulo do cerrado brasileiro.

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