Sou um reclamão de marca maior e somo-me aos bilhões de outros iguais nesta nave de insatisfações que habitamos.
Muitos reclamam do horário de verão, outros da falta dele; há os que reclamem do calor; outros, do frio; que chove, ou que não...
Muita gente reclama das segundas-feiras...
E essa reclamação (meio embutida) que o Chico demonstra no Bom Dia Brasil, da rede Globo, trouxe-me à mente o quanto reclamo, aliás, o quanto todos reclamamos, da e na vida inteira.
Pensei com meu zíper: vamos ver a importância dessas segundas-feiras (em tempo) tão mal faladas:
Um humano vive (em média) 70 anos; sem elas, terá apenas 60 deles para ser feliz...
...entre cama e mesa (dormindo e comendo - não necessariamente nesta ordem) perde 40% de seu tempo, tendo, então, 36 anos para ser feliz...
No trânsito, serviços chatos, idas e vindas, lá se vão cerca de 12 horas diárias, em estresse infindo, reduzindo de 36 para 18 anos seu tempo de possível felicidade...
Destes 18 anos, o ser humano não tem noção de felicidade em pelo menos 10 deles (não que não seja feliz..., eu disse que ele não se apercebe de que a tem); dos outros 8 restantes, talvez ele nem se lembre de "o que seja felicidade (não que não possa; apenas que há alguns "entraves" dificultando a ação "ser feliz").
Ora, meu amigo (estou incluso), restando pouco tempo na ampulheta, mesmo que seja uma "baita" segunda, não perca horas de refeições mastigando problemas; não leve seu chefe e seus problemas funcionais para casa ou para a cama (principalmente seu chefe)...
...se a felicidade são pequenos momentos dentro do tempo que temos, sinal é que tomamos nosso tempo com momentos outros, díspares de alegrias e bons humores, certo ?
Então, com licença, Chico, vamos fazer uma semana de sextas-feiras, não importando a relação tempo/potência fora do dia de grandes felicidades.
"Sorria, pois que hoje é dia, semana, mês, ano e tempo de sua vida !".
Quer ser feliz ?
Seja hoje. Mande suas tristezas "à MESBLA".
Deixe sua bagagem pesada numa estação qualquer (à qual não voltará) e, desocupando o bagageiro, viva muito, mesmo que seja uma segunda-feira da qual todos reclamam, pois que chegará o dia em que virá a última, ou, como afirmou Vinícius:
Testamento
Você que só ganha pra juntar
O que é que há, diz pra mim, o que é que há?
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar
Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irrnão!
Pois é, amigo, como se dizia antigamente, o buraco é
mais embaixo... E você com todo o seu baú, vai ficar
por lá na mais total solidão, pensando à beça que não
levou nada do que juntou: só seu terno de cerimônia.
Que fossa, hein, meu chapa, que fossa...
Você que não pára pra pensar
Que o tempo é curto e não pára de passar
Você vai ver um dia, que remorso!
Como é bom parar
Ver um sol se pôr
Ou ver um sol raiar
E desligar, e desligar
Mas você, que esperança... Bolsa, títulos, capital de
giro, public relations (e tome gravata!), protocolos,
comendas, caviar, champanhe (e tome gravata!), o amor
sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem
espírito
(e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou,
pior ainda, o psiquiatra...
Ou, como dizia Reginaldo Bessa, na linda "O TEMPO":
"O tempo não pára no porto, não apita na curva, não espera ninguém".
Boa segunda, terça, quarta, quinta...
...e bom café !
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