Bom dia !
Conforme comprometimento, volta à baila o que tratamos ontem em nosso café da manhã, quando aplaudimos e ovacionamos a um juiz federal e à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão – SP, por reconhecerem o direito de os moradores de rua abrirem cadernetas de poupança nas agências da Caixa Econômica Federal no Brasil.
O retorno ao assunto foi motivado pela quantidade expressiva de opiniões contrárias ao dito ato judicial.
Reafirmo meu respeito à opinião alheia, mas, sem que ocorram desrespeitosas discussões, venho colocar meu pensamento.
As duas mais agudas considerações às quais me oponho, são:
1ª A economia dos moradores de rua é insignificante e os rendimentos serão tão inexpressivos quanto caixas de fósforos.
2ª Os próprios beneficiados desconsideram abandonar as ruas.
Primeiramente, não considero tão importantes as questões financeiras, mas sim os valores morais, humanos, sociais, etc, que moveram as citadas decisões. Acredito não ser um título de leitor, uma certidão de nascimento ou o ínfimo rendimento de poupança que levarão alguém a ser respeitado.
Em segundo momento, quem disse que os moradores de rua não querem trocar o sereno e a possibilidade de virarem “churrasco” nas noites frias, por uma vida com código de endereçamento postal e dignidade ?
Ocorreu algum Censo do Relento no país ?
Propositalmente fiz referência ao Censo.
Como profissional, vivi trinta anos entre o mundo real e a estatística analisada nas poltronas dos gabinetes. Saliento, em toda a minha carreira, jamais, repito, JAMAIS um habitante do nada se disse satisfeito com sua vida miserável e que hesitaria em mudá-la.
Como profissional, vivi trinta anos entre o mundo real e a estatística analisada nas poltronas dos gabinetes. Saliento, em toda a minha carreira, jamais, repito, JAMAIS um habitante do nada se disse satisfeito com sua vida miserável e que hesitaria em mudá-la.
Certo dia, em um barraco de lona preta, num pé de morro, quase zona rural de um minúsculo município brasileiro, ouvi de uma senhorinha de nome Maria da Silva a seguinte colocação:
“O arrois me deu uma muié dali da rua, mais o qui eu quiria era morá numa casa, tê leitura e podê trabaiá na cidade.”
Logo em seguida ofereceu-me um pouco do “arrois” PURO, sem sal, que iria comer.
E tantos foram os barracos de donas Marias que perdi a conta.
Para mim, cada pessoa insatisfeita com a própria situação representa uma prova do que afirmo.
Será que não estamos perdendo o ponto de igualá-los a nós, cidadãos nascidos, identificados, trabalhadores e votantes quase sempre insatisfeitos ?
Não seria este o momento de um projeto habitacional, educativo e profissionalizante através de ONGs, MEC, SEBRAE e da própria CEF, concomitantemente à permissão para pouparem, para aqueles que se interessarem ?
Tenho certeza que dona Maria da Silva, onde quer que esteja, gostou muito da opinião aqui exposta e que tenha aposto sua assinatura logo abaixo, com um alvo e largo sorriso.
Ótimo domingo a todos.
Ótimo domingo a todos.
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